O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais cultivados no mundo, o que se justifica por sua vasta possibilidade de utilização para consumo humano, animal e na indústria. O Brasil é o terceiro produtor mundial.
Historicamente, a produtividade brasileira tem média de 5.120 kg/ha (CONAB, 2014). No entanto, esse número não reflete o atual nível tecnológico adotado. A produtividade da cultura está condicionada a diversos fatores, como a escolha da época de semeadura, que influencia fortemente o potencial genético dos cultivares (SANS & GUIMARÃES, 2009).
A pressão de fatores bióticos e abióticos na produção varia de acordo com a região e também fatores como intensidade pluviométrica, temperaturas diurnas e noturnas do ar e do solo, radiação solar, entre outros. Os cultivares se comportam de maneira diferente nos ambientes, apresentando diferentes respostas às variações climáticas, o que deve ser levado em consideração na escolha dos melhores genótipos a serem semeados em cada região, além do nível de investimento utilizado.
Esta matéria apresenta os principais fatores influenciadores da produtividade do milho safrinha, com base na variação da época de semeadura. Primeiro, vamos conhecer um pouco mais sobre o milho.
• Fisiologia da cultura: uma planta C4 (ou seja, uso eficiente de CO2 e maior curva de resposta à luz).
• Temperatura crítica:
– Germinação: temperatura do solo < 10°C e > 42°C.
– Florescimento e maturação: temperatura do ar < 15,5°C e > 26°C.
• Ciclo: de 110 a 180 dias
• Luz: importante requisito, principalmente no florescimento.
Diferenciação de híbridos
• Híbrido Simples (HS): cruzamento entre duas linhagens – A x B –, base genética reduzida, teto produtivo elevado e alta tecnologia.
• Híbrido Duplo (HD): cruzamento entre dois híbridos simples parentais – (A x B) x (C x D) –, base genética maior, tecnologia e teto produtivo medianos.
• Híbrido Triplo (HT): cruzamento entre uma linhagem e um híbrido simples – A x (B x C) –, maior base genética, maior adaptabilidade a diferentes ambientes.
DICA AGROESTE: a dessecação antecipada é fundamental para a redução da população de plantas daninhas e/ou voluntárias e de insetos residentes. O objetivo dessa prática é diminuir a matocompetição no início do desenvolvimento da cultura, bem como reduzir a ocorrência de plantas hospedeiras de pragas e doenças no período de entressafra.
Tecnologias de manejo
O espaçamento de plantas é outro fator condicionante de produtividade em alguns casos. Sob condições favoráveis de manejo, não há influência do espaçamento; porém, em condições desfavoráveis, a redução do espaçamento poderá trazer efeitos positivos para a produtividade. Por outro lado, quando a população de plantas é baixa, a variação de espaçamento terá pouca influência na produção.
A adubação prioriza as necessidades da cultura, perfil e pH do solo, além de melhor desenvolvimento radicular, gerando maior número de raízes adventícias que atuam na fixação da planta no solo, o que evita seu tombamento, entre outras funções. Com relação à adubação de cobertura, o manejo deve coincidir com as fases de maior demanda da cultura, e o parcelamento das doses traz bons resultados.
Fatores bióticos e abióticos condicionantes e recomendações
As características ambientais condicionam a ocorrência de pragas e doenças nos cultivos, acarretando variações na dinâmica de ocorrência de pragas e doenças nas regiões produtoras do Sul e do Norte do País. Nas Tabelas 1 e 2 estão listadas as condições climáticas, as pragas e as doenças favorecidas por essas condições e na Tabela 3 estão listadas as recomendações de manejo para cada uma delas.
Análise de custos
Apesar do cultivo de milho safrinha possuir menor teto produtivo (cerca de 9 t/ha) se comparado ao de verão (15 t/ha), a antecipação do plantio safrinha, independentemente da região produtora, mas principalmente na região Norte, propicia melhores condições de desenvolvimento da cultura e, consequentemente, maior teto produtivo e retorno econômico. À medida que se atrasa a semeadura, o potencial produtivo do ambiente diminui e o custo de produção aumenta. Com isso, o custo de produção para cada época deve ser reavaliado.
Considerações finais
Nos cultivos do “cedo”, a probabilidade de maior retorno econômico relacionado ao manejo (adubação, aplicações de fungicida e inseticida) é mais favorável (VON PINHO et al., 2007). Plantios tardios geram menor percentagem de grãos e maior incidência de pragas e doenças, levando a um maior custo de produção, além de possíveis perdas por geada (Sul) e seca (Norte).
O nível de investimento deve ser avaliado conforme o potencial produtivo de cada época de semeadura, bem como os níveis de adubação e aplicações de fungicidas e inseticidas.
Autor: Marcos Palhares (revista Agroeste 2)
Deixar Um Comentário